Agronegócio

Exportações de gado atraem mais que feiras de outono

Enquanto 80 mil terneiros foram exportados no ano passado, venda em leilões não chegou à metade

Carlos Queiroz -

infodp cq98

Nas pistas gaúchas o preço do quilo é R$ 1,50 mais baixo que o pago por compradores do exterior (Foto: Carlos Queiroz - DP)

Parte tradicional da cultura gaúcha, as feiras de outono costumam ser um momento propício para a venda de animais, em especial os terneiros. No entanto, recentemente esta parcela do mercado acabou perdendo espaço para as vendas por exportação.

O presidente do Sindicato dos Leiloeiros do Rio Grande do Sul, Jarbas Knorr, explica alguns dos motivos: enquanto o quilo do terneiro vendido no mercado interno gira em torno dos R$ 5,00, o quilo do destinado à exportação pode chegar a até R$ 6,50. "É um preço muito bom para o produtor", define.

Em uma comparação por números de vendas, este dado fica ainda mais claro: segundo Knorr, no ano passado foram exportados quase 80 mil terneiros inteiros no Estado, enquanto os dados do sindicato apontam 25,038 machos leiloados nas pistas gaúchas e 12,661 fêmeas, ou seja, menos da metade. "Diminui o espaço da feira, mas beneficia o criador (...) para a economia, é muito bom", defende.

Além do preço, outros fatores atraem os criadores a destinarem seu gado à exportação. Knorr explica que normalmente os exportadores vão até a propriedade buscar o gado, enquanto para leilões, o produtor costuma arcar com os custos de deslocamento e com o risco de não obter êxito na venda e ter novamente que bancar o retorno do gado para casa. "A exportação é hoje o melhor negócio, tem sustentado a economia em tempos de crise", argumenta.

O leiloeiro Marcelo Silva diz ver a mudança surgindo, mas ainda não significativa. Ele afirma acreditar na possibilidade de haver uma mudança maior quando passar a existirem contratos formais, com adiantamentos, garantindo a venda por exportações.

Pela legislação, o animal só pode ser exportado inteiro (sem passar pela castração). A impossibilidade de castrar é o que faz alguns produtores não terem aderido à exportação, segundo Silva. "Se tu deixas os machos inteiros, isso causa problema depois do um ano de idade, quando eles viram tourinhos", explica. Porém, apesar das mudanças no mercado, ele não crê na extinção total das feiras.

Olhar vindo do campo
O criador José Luís Kessler - e também ex-presidente da Associação Rural de Pelotas -, apesar de não exportar seus animais, diz começar a considerar a hipótese de não castrar o animal e aderir a este tipo de venda, principalmente pela disparidade de preços no momento atual.

Na avaliação de Kessler, o mercado interno ficou muito restrito a partir do desencadeamento da Operação Carne Fraca pela Polícia Federal no ano passado. "Ela refletiu negativamente no produtor (...) Atingiu indústrias fortes e eles sofreram um impacto juntos", destacou, lamentando o poder da indústria sobre o produtor. No entanto, ele vê o mercado com otimismo por já apontar indícios de recuperação.

Para o criador, a exportação tende a ser uma tendência geral até o reequilíbrio do mercado interno. Ele acredita que o caminho para as feiras é tornarem-se cada vez mais especializadas, fazendo vendas diretas, e assim conseguir recuperar espaço. "(A feira) é uma área que gera muita liquidez. Já a exportação é hoje um estímulo para não diminuir o rebanho", encerra.

Resistindo ao momento
Apesar da perda de espaço, as feiras continuam. O Calendário Oficial de Exposições e Feiras de 2018 aponta dezenas de eventos agendados no Estado para este ano. No período de outono, várias exposições ocorrerão na Zona Sul (confira no quadro).

Entre os maiores eventos de outono, a 14ª edição da Fenasul, que ocorre em Esteio, foi antecipada e ocorrerá entre os dias 14 e 20 de maio. Em nota, foi anunciado que a mudança se deu para a feira ocorrer simultaneamente à exposição da Federação Internacional de Criadores de Cavalo Crioulo (FICCC). Outros eventos deverão ocorrer simultaneamente no Parque de Exposições Assis Brasil.

Feiras de outono na Zona Sul

9 a 23 de abril - Santa Vitória do Palmar
39ª Expofeira de Outono de Equinos
39ª Exposição Agropecuária, Comercial e Industrial de Outono
37ª Exposição de Gado Leiteiro
39ª Exposição de Terneiros e Terneiras

25 de abril - Pinheiro Machado
19ª Feira de Outono de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas

28 de abril - Herval
11ª Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas

4 e 5 de maio - Canguçu
2ª Feira de Outono de Vaquilhonas

15 de maio - Santana da Boa Vista
16ª Feira de Terneiros, Terneiras e Vaquilhonas

(Fonte: http://www.agricultura.rs.gov.br/exposicoes-e-feiras)

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Acidente na Domingos de Almeida deixa um ferido Anterior

Acidente na Domingos de Almeida deixa um ferido

Semana tem três novos vencimentos para pagamento do IPVA 2018 Próximo

Semana tem três novos vencimentos para pagamento do IPVA 2018

Deixe seu comentário